De mergulhadores retirando resíduos do fundo do mar a corredores catando lixo enquanto correm, fãs, atletas e clubes estão ajudando a enfrentar a onda de poluição plástica que está envenenando nossos oceanos.

A ONU Meio Ambiente trabalhou com o governo britânico para organizar um café da manhã esportivo na reunião do Commonwealth britânico, onde o secretário do meio ambiente Michael Gove encontrou com lideranças, entre eles executivos da Premier League, para pedir que procurassem soluções inovadoras e concordassem a criar iniciativas para enfrentar a poluição plástica.

Um grande evento esportivo pode utilizar até 750.000 garrafas plásticas, portanto agora existe uma pressão para a limpeza da indústria e para utilizar o alcance global do esporte para conscientizar os fãs e torcedores.

Veja 10 exemplos de como modalidades esportivas e atletas aceitaram este desafio.

1) VELA: virando a maré do plástico(Bengt Nyman/Volvo Ocean Race/Flickr)

Essa é a corrida da vida e a missão de toda uma geração. A Volvo Ocean Race conta com sete equipes percorrendo 45.000 milhas náuticas ao redor do mundo durante oito meses, em uma acirrada competição que ajuda a conscientizar o público sobre questões de sustentabilidade, incluindo a ameaça da poluição plástica nos oceanos. Esse ano, o iate Turn the Tide on Plastic (Virando a Maré do Plástico) está competindo para atrair atenção para a campanha Mares Limpos da ONU Meio Ambiente.

Capitaneada pelo britânico Dee Caffari, o Turn the Tide on Plastic está coletando dados sobre microplásticos como parte do Programa Científico da Volvo Race.

“Com os experimentos científicos que estamos conduzindo a bordo do barco, conseguimos coletar dados brutos sobre microplásticos”, informa Caffari. “Estamos coletando dados de referência que as pessoas não podem ignorar, então espero que no futuro veremos uma mudança no nível de microplásticos na água”.

2) CRÍQUETE: Esverdeando a Índia e eliminando canudos no Reino UnidoA foto mostra, sobre um gramado verde claro bem ralo, três homens jovens vestindo uniformes inteiramente brancos, compostos por sapatos rasteiros, calças compridas, proteções acolchoadas dos tornozelos aos joelhos, e camisas polo. Todos têm pele branca e cabelos lisos curtos, de cores variadas entre loiro e moreno. Dois deles estão lado a lado, de frente para a câmera, mais ao fundo, um dos quais usa luvas pretas grossas e se agacha com as mãos unidas entre os joelhos, e outro dos quais segura um taco retangular branco estampado, e inclina o tronco para a frente. Ambos estão posicionados logo à frente de uma trave baixa, de madeira clara. O terceiro homem está de costas, mais perto da câmera, em pé, e lança uma pequena bola vermelha em direção aos outros dois. Ao fundo de todos, árvores desfocadas.(Lutmans/Flickr)

Nas cidades indianas de Bengaluru e Indore, um novo “protocolo verde” está entrando em vigor. O estádio de Chinnaswamy em Bengaluru adotou uma política de zero resíduos, empregando um batalhão de voluntários vestidos de verde para separar os resíduos e educar o público durante jogos da Indian Premier League. Aproximadamente 40.000 torcedores comparecem a cada partida no estádio, gerando 3 a 4 toneladas de resíduos por jogo. Como o lixo não é separado, ele acaba sendo depositado em um aterro.

Com o novo “protocolo verde”, lixeiras diferentes serão usadas para resíduos úmidos e secos, e os voluntários irão garantir que o lixo acabe no lugar certo. Resíduos úmidos serão enviados para plantas de biogás ou compostagem, enquanto que os resíduos secos serão reciclados. O estádio também pediu ao vendedores de comida que usem pratos de folha de areca ou de amido de milho.

Em Indore, um Protocolo Verde detalha 72 maneiras de reduzir, reutilizar e reciclar o lixo, incluindo itens plásticos, dentro do estádio. O objetivo é que o estádio seja livre de plástico até 2019. Vários parceiros, incluindo os governos do distrito e do município, equipes de críquete e a ONU Meio Ambiente tem contribuído para essa estratégia.

Ano passado, no Reino Unido, o estádio de críquete Kia Oval em Londres anunciou um plano para ser completamente livre de plástico até 2020. Na atual temporada o estádio baniu o uso de canudos de plástico, introduziu o uso de copos de café compostáveis, e está acabando com o uso de sacolas de plástico na sua loja. No ano passado, o Kia Oval introduziu o uso de copos ecológicos para substituir seus copos de cerveja de plástico. O estádio também instalou 20 bebedouros e torneiras de água gratuitas e distribuiu 20.000 garrafas reutilizáveis em edição limitada.

3) FUTEBOL: Chamando outros para a açãoCinco homens jovens jogam futebol sobre um campo de gramado baixo, verde claro, correndo em torno de uma bola branca, com estampas pretas. Todos têm pele morena e cabelos escuros curtos. Dois deles usam uniformes brancos, compostos por chuteiras, meias logo abaixo dos joelhos, bermudas e camisetas de mangas curtas, com palavras e números em preto. Os outros três usam uniformes compostos por chuteiras coloridas, meias azuis escuras até logo abaixo dos joelhos, bermudas vermelhas e camisetas de mangas curtas, listradas verticalmente em azul escuro e vermelho, e com palavras e números estampados em amarelo. Ao fundo, fora de foco, a arquibancada cheia de torcedores.(Jan S0l0/Flickr)

O Tottenham Hotspur pode não ser campeão da Premier League esse ano, mas o clube londrino já está no topo da tabela do combate contra resíduos plásticos. Em abril o clube anunciou que vai acabar com o uso de plástico descartável em seu novo estádio, que será inaugurado na próxima temporada. O objetivo do clube é acabar com o uso de canudos, talheres e outros utensílios plásticos, assim como embalagens descartáveis para esses items.

Nos Estados Unidos, a Adidas junto com a Major League Soccer lançaram uniformes especiais feitos de Parley Ocean Plastic para as partidas realizadas no final de semana do Dia da Terra. Todos os 23 clubes usaram a edição de 2018 das camisas Adidas Parley, que são feitas com um tecido manufaturado a partir de plástico coletado em praias e comunidades litorâneas.

4) RUGBY: Twickenham converteu copos descartáveis em souveniresSete homens jovens uniformizados jogam rubgby, sobre um campo de gramado baixo verde claro. Dois deles, no canto esquerdo da foto, usam bermudas e camisas polo azuis escuras sobre camisetas pretas de mangas longas, além de luvas pretas abertas nos dedos. Os demais usam bermudas pretas e camisetas também pretas, com palavras e números em branco, e mangas curtas verdes escuras. Todos têm cabelos lisos curtos, com cores variadas entre loiro e moreno, e pele branca. Um dos homens segura uma bola branca, de costas para a câmera. (Tom Triebel/Flickr)

Twickenham, o estádio que serve como casa para a seleção inglesa de rugby, introduziu um copo especial reutilizável para substituir os copos plásticos que antes eram usados durantes os jogos.

Quando clientes compram a primeira bebida, eles são cobrados £1 (mais ou menos R$5) como depósito pelo copo, que pode ser devolvido. Se eles voltarem ao bar com o copo, são cobrados o preço normal anunciado. No fim do dia, os torcedores podem levar o copo como lembrança ou devolvê-lo e receber o depósito de volta.

Antes dessa medida, aproximadamente 140.000 copos de cerveja chegavam a ser vendidos em partidas da seleção, que resultava em 140.000 copos sendo descartados no lixo.

5) ATLETISMO: A maratona de Londres procura uma solução para o problema das garrafas de plásticoJovens adultos correm em direção à câmera, sobre uma rua de asfalto, com grama baixa às bordas, em um dia nublado. Todos têm pele branca e cabelos lisos castanhos, têm placas de papel brancas com números em preto sobre as camisetas, e usam roupas justas. A corredora que está mais à frente usa camiseta verde-limão e calça preta, os três corredores em seguida usam bermudas e camisetas pretas de mangas curtas, e um corredor mais ao fundo usa bermuda preta e camiseta azul-royal. Ainda mais ao fundo, desfocados, há outros corredores.(Peter Mooney/Flickr)

A maratona de Londres deste ano foi a mais quente já registrada, mas também entrou para a história porque seus organizadores testaram o uso de copos compostáveis para reduzir a quantidade de garrafas plásticas que normalmente sujam as ruas após o evento. Aproximadamente 90.000 copos foram oferecidos aos maratonistas nos postos de bebida ao longo do percurso, além de 760.000 garrafas de plástico. As garrafas serão todas recicladas após a corrida, e o uso dos copos será avaliado.

6) COMMONWEALTH GAMES 2018: A Costa do Ouro na Austrália acaba com a festa do plástico

Os Commonwealth Games foram realizados na Costa do Ouro, na Austrália, em abril deste ano e seus organizadores fizeram tudo que era possível para preservar a beleza da região e das suas águas e oceanos. Balões com gás hélio foram banidos do evento, e os visitantes foram incentivados a trazer sua própria garrafa transparente para encher nos bebedouros espalhados pelo evento.

7) BASEBALL: Os White Sox rebatem o uso de canudinhosUm homem magro, de pele branca, está de frente para a borda direita da foto, de onde vem uma pequena bola branca. Em direção à bola, o homem segura um taco cilíndrico de madeira clara com as duas mãos, pela ponta. Ele está agachado com a perna esquerda à frente da direita, e veste um uniforme composto por tênis rasteiros de cor cinza, uma calça branca comprida e uma camiseta também branca, de mangas curtas, com palavras em cor-de-vinho. O jogador usa também um capacete cor-de-vinho. Ao fundo, homens vestindo calças de cor cinza e camisetas vermelhas assistem ao jogador, apoiados sobre uma grade baixa verde escura, diante da qual também se apoiam tacos diversos. O chão é de terra batida clara, rodeado por gramado baixo verde claro.(Peter Miller/Flickr)

Em abril, os White Sox de Chicago se tornaram o primeiro time da Major League Baseball a servir bebidas sem canudos descartáveis, como parte de uma iniciativa do Shedd Aquarium, o aquário da cidade, para banir o uso de canudinhos.

O time informou que vai retirar mais de 215.000 canudinhos de circulação ao longo da temporada.

8) NATAÇÃO: Desafiando o Oceano Pacífico em nome da ciênciaUm homem de meia-idade, magro, de pele branca, sorri com os lábios fechados de frente para a câmera. Ele veste um uniforme de esportes aquáticos bem justo ao corpo, de cor preta, com mangas longas e as letras “TYR” estampadas em branco, na altura do peito, além de uma touca preta cruzada da parte traseira à dianteira por uma faixa cinza, com as mesmas letras em branco perto da borda que vai à testa. O homem está com os braços flexionados por cima dos ombros, ajustando finas alças pretas sobre as costas. Ao fundo, na cor cinza, o mastro e a borda interna da frente de um barco, onde está o esportista, e o céu azul claro, ensolarado.(Ben Lecomte)

Com 8.900 km de distância, não é uma surpresa que essa está sendo chamada de a Nadada mais Longa. O aventureiro e ativista Ben Lecomte vai sair de Tóquio, no Japão, no final de maio e nadar até São Francisco, nos Estados Unidos, tudo em nome da ciência e da sustentabilidade. Durante essa odisséia Lecomte vai atravessar a Grande Ilha de Lixo do Pacífico, uma massa gigantesca de resíduos três vezes maior que a França.

Lecomte e sua equipe vão contribuir para oito projetos de pesquisa durante a viagem, estudando desde a poluição plástica até as correntes marinhas e a radiação. Coletando amostras de água e usando uma rede de nêuston, que é usada para fazer coletas na superfície do mar, a equipe fará coletas diárias de microplásticos marinhos para ajudar os pesquisadores a entender melhor esses pequenos poluentes que estão entrando na nossa cadeia alimentar.

9) MERGULHO: Mergulhadores dos Emirados Árabes vão fundo para limpar o chão do marNo fundo do oceano, rodeado por peixes de cor cinza, um homem de frente para a câmera olha para cima, usando óculos de mergulho, equipamentos para respirar e roupas pretas justas, que cobrem todo o seu corpo. Ele segura equipamentos à frente de seu ventre. Acima de sua cabeça, uma raia cinza e branca nada, em direção à câmera.(Basheer Tome/Flickr)

Nos Emirados Árabes, um grupo de mergulhadores tem coletado toneladas de resíduos do fundo Mar Arábico para conscientizar a população sobre os danos causados pelo lixo plástico enquanto também documentam a vida marinha da região. O biólogo marinho Mohammad Falasi organizou uma equipe depois de descobrir que o chão do mar estava coberto de lixo. Agora ele e seus amigos fazem limpezas nos finais de semana, coletando plástico, metal, vidro, cerâmicas, borracha, madeira e carvão.

10) PLOGGING: A nova moda fitness contra o plástico
Você não precisa ser um grande atleta para entrar na luta contra o plástico, basta tentar praticar “plogging”. Essa nova moda, que originou na Suécia e envolve catar lixo enquanto você corre, está se espalhando pelo mundo e haverá eventos de plogging por todo o planeta no Dia Mundial do Meio Ambiente, em 5 de junho. O nome da atividade vem de uma combinação das palavras suecas “plocka”, que significa catar, com “jogga”, que significa correr.

 

A campanha Mares Limpos está afim de colaborar com qualquer esporte que queira ajudar a combater a poluição plástica. Entre em contato por email: CleanSeas@un.org