Foi em meados de 2011 que o australiano Vince Losurdo instalou as primeiras placas fotovoltaicas em casa. O investimento na compra desses painéis que captam a luz do sol e a transformam em energia elétrica foi de 10 mil dólares australianos (equivalente a 25 mil reais). Cinco anos mais tarde, o preço do equipamento caiu pela metade, mas Losurdo diz não se arrepender da aquisição: além de não pagar mais conta de luz, o aposentado ganha dinheiro com o sistema.
“Tenho 25 placas fotovoltaicas e economizo ao máximo a energia que vem delas. Com o excedente, posso escolher entre receber o valor em dinheiro ou ter crédito na conta de luz”, explica. “No início, não acreditei muito nessa iniciativa. Pensava que era boa demais para ser verdade. Hoje, recebo de 300 a 400 dólares por mês vendendo o que sobra.”
- O australiano Vince Losurdo mostra a conta de luz, orgulhoso do investimento que fez: muitos créditos para usar, nada para pagar (Nickoly Oliveira/Believe.Earth)
- O bairro de Nathan, em Brisbane, é um dos locais com mais placas fotovoltaicas instaladas (Nickoly Oliveira/Believe.Earth)
- O tempo de garantia das placas fotovoltaicas pode chegar a 20 anos (Nickoly Oliveira/Believe.Earth)
A energia gerada pelas placas fica armazenada em uma bateria interligada a um inversor. O equipamento processa a luz do sol para alimentar o sistema da casa e conta com um medidor para registrar o fluxo de eletricidade. O que não é consumido volta para a rede pública e é convertido em bônus financeiro. “Se a energia solar gerada for maior do que a casa usa em um mês, então existirá um crédito líquido”, diz o engenheiro Andrew Stock, conselheiro da organização não-governamental australiana Climate Council.
Atualmente, o investimento para tornar um espaço autossuficiente com placas fotovoltaicas chega a 20 mil dólares australianos (em torno de 50 mil reais). Fatores como a voltagem das placas e o grau de dificuldade de instalação são determinantes no valor final. Com o avanço da tecnologia na fabricação de baterias e a crescente demanda global por placas fotovoltaicas, a estimativa é de que os preços tiveram queda de 80% na última década, segundo Andrew.
As quantias pagas pela energia excedente variam de acordo com as práticas de cada empresa fornecedora. “O período de recuperação do dinheiro investido normalmente é de cinco anos”, afirma o engenheiro.
E não é apenas em áreas residenciais que os painéis fotovoltaicos podem trazer benefícios. Um estudo do instituto Australian PV e da Universidade de Nova Gales do Sul, na Austrália, em imóveis públicos e comerciais na cidade de Brisbane revelou que a instalação de placas em apenas três dessas construções poderia fornecer energia suficiente para atender 1.200 famílias, além de deixar de emitir 5,2 megatoneladas de gás carbônico por ano vindas de fontes poluentes. Os locais avaliados pelos pesquisadores têm alto potencial de uso do equipamento: o Suncorp Stadium, maior estádio da cidade, o Queensland Performing Arts Centre e a Roma Street Station, uma das principais estações de trem da região.

O centro comercial de Brisbane apresenta alto potencial para a instalação das placas fotovoltaicas (Nickoly Oliveira/ Believe.Earth)
De acordo com a Renewable Energy Policy Network for the 21st Century (Rede de Políticas de Energia Renovável para o Século 21 – REN21) – que reúne empresas, instituições e governos de qualquer parte do mundo interessados na expansão de energias renováveis -, apenas no ano passado, mais de 31 mil unidades de placas fotovoltaicas foram instaladas por hora no planeta. A capacidade mundial cresceu 48% em relação a 2015.
A Austrália ocupa a nona posição entre os maiores mercados de energias renováveis do mundo – o ranking é liderado por China, Japão e Alemanha, respectivamente. O mercado australiano de placas fotovoltaicas é predominantemente residencial, embora o número de estabelecimentos comerciais e de grandes empresas tenha aumentado em 2015 e 2016. Cerca de 30% das casas dos estados de Queensland e South Australia já possuem energia solar, de acordo com o relatório da REN21.
O mesmo estudo aponta que o desenvolvimento da indústria de energias renováveis está aquecendo o mercado: mais de 9 milhões de pessoas foram empregadas no setor em 2016 em todo o mundo – um aumento de 1,1% em relação ao ano anterior. A energia solar lidera o ranking de geração de postos de trabalho, ultrapassando 3 milhões de trabalhadores.
- Renováveis 2017 – Relatório Global (REN21). Clique aqui para ler o relatório completo (somente em inglês).
- Tutorial (vídeo em inglês) para construir seu próprio painel solar. Clique aqui para assistir.