No meio do Cerrado, a resistência chega sobre duas rodas. Cidade planejada, com largas e planas avenidas, Brasília é conhecida pela proteção ao pedestre e pelo ciclismo de ponta. Ao mesmo tempo, é perigosa para quem usa a bicicleta nos afazeres do dia a dia – no início dos anos 2000, toda semana morria em média um ciclista vítima de atropelamento.

Em 2003, após o marido sofrer um acidente, a jornalista Beth Veloso reuniu atletas, professores universitários, engenheiros, estatísticos e grupos de pedal para pensar uma cidade mais harmônica e menos violenta para ciclistas. É dessa forma que nasce a Rodas da Paz, organização que trabalha para mudar a realidade da mobilidade urbana por meio da sensibilização e mobilização cidadã, do controle social e da influência sobre políticas públicas.

Desde então, a Rodas da Paz articula uma série de políticas públicas para esse modal, como a criação de ciclovias em todo o Distrito Federal, e enfrentou os defensores de mais espaço para carros.

Centenas de ciclistas andam de bicicleta pela pista do lado esquerdo de uma ponte. Do lado direito, carros e motos passam no sentido contrário aos ciclistas. Do lado esquerdo, está uma parte de um lago. À beira da rodovia, estão árvores e espaços com grama.

Durante passeio, ciclistas atravessam a pela ponte JK, em Brasília (Reprodução/Facebook)

“Um modelo de cidade que a gente defende é uma cidade menos dependente de petróleo”, conta a socióloga Renata Florentino, que ingressou no grupo em 2013 sem saber pedalar, durante a pesquisa de seu doutorado sobre o legado da Copa do Mundo no Brasil. “Queremos uma cidade com um transporte com baixa emissão de carbono e ao mesmo tempo mais seguro para as pessoas.”

Arte criada pelo Instituto Update em cima de uma foto de um grupo de cinco integrantes do Rodas da Paz. Na foto, as pessoas estão conversando.No canto esquerdo, há uma aspa branca com para abrir a frase dita por Renata Florentino. O texto, com a fonte em branco e o fundo azul, diz: “A nova política passa por uma organização popular em torno dos seus interesses, e não de ser organizada para defender os interesses de outros”. No canto inferior esquerdo, encontra-se o logo preto e branco do Instituto Update. E, no canto inferior direito, está o nome dela com a mesma fonte branca e o fundo laranja: “Renata Florentino”. Abaixo, o nome da empresa e a cidade: “Rodas da Paz (Brasília)”.

Integrantes do Rodas da Paz se reúnem para debater a questão da mobilidade na cidade (Reprodução/Facebook)