Em outubro deste ano, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) apresentou os resultados de um relatório especial sobre os impactos do aumento da temperatura global em +1,5ºC e em +2ºC, além de alternativas para que os países pudessem cumprir a meta de manutenção do aquecimento abaixo de 1,5ºC, conforme assinado no Acordo Climático de Paris. Segundo os cientistas, cumprir tal meta exige que a humanidade não adicione mais dióxido de carbono à atmosfera até 2050. Sem nenhuma ação adicional pelo clima, o aquecimento global ultrapassará os 1,5°C já por volta de 2040 – o que eliminaria ecossistemas inteiros, afetaria a produção de alimentos, impactaria a pecuária, reduziria a disponibilidade de água e aumentaria a propagação de doenças.

O ClimaInfo traduziu este relatório e sistematizou as soluções necessárias para que limitemos o aquecimento global a 1,5ºC, passando principalmente pelos setores de energia, transporte, planejamento urbano e  uso da terra (acesse a reportagem completa aqui). É uma mudança radical, mas possível – e já existem soluções escaláveis adotadas por diversos países e cidades.

O Believe.Earth resumiu esse conteúdo de maneira visual, na infografia abaixo, para que você possa entender melhor quais são os caminhos para alcançarmos esta meta e entrar no processo de descarbonização do ar. Existem tecnologias, existem boas práticas e existem também alianças intergovernamentais para que alcancemos esse futuro possível.

MISSÃO POSSÍVEL<br /> Saiba o que cada setor da economia precisa fazer para limitar o aquecimento global a 1,5ºC e ser neutro em carbono até 2050<br /> 1. ENERGIA: responsável por 35% das emissões globais<br /> SOLUÇÕES<br /> Substituir combustíveis fósseis por fontes limpas de energia em todos os países<br /> Cortar o uso do carvão até 2040<br /> Diminuir a taxas mínimas o uso do gás natural até 2100<br /> Abandonar o uso do petróleo ao longo do século<br /> CONQUISTAS GLOBAIS<br /> Desde 2010 foram cancelados 1.705 projetos de construção de termelétricas a carvão.O primeiro país a se comprometer com o abandono do carvão foi o Reino Unido<br /> Em 2016, 24% da eletricidade global veio de fontes renováveis. A projeção é de descarbonização total de eletricidade até 2050. Os maiores investidores nesse setor são China, Estados Unidos, Alemanha, Japão, Espanha, Reino Unido, França, Índia e Brasil<br /> 2. USO DA TERRA: responsável por 24% das emissões globais<br /> SOLUÇÕES<br /> Proteger ecossistemas e aumentar a eficiência sustentável da agricultura e da pecuária<br /> Usar resíduos da produção agrícola e florestal para gerar a energia por meio da biomassa<br /> Combater o desperdício de alimentos, que hoje corresponde a ⅓ de toda a comida produzida no mundo<br /> Incentivar a diminuição do consumo de carne: a redução a 50g diárias diminui em até 35% as emissões pessoais<br /> CONQUISTAS GLOBAIS<br /> Em 1943, 77% da Costa Rica era coberta por florestas; em 1986, o número caiu para 41%. Em 2012, começou o processo de recuperação das matas, e, hoje, 52% da área é coberta<br /> O Desafio de Bonn é o esforço global para restaurar 150 milhões de hectares desmatados até 2020, e 350 milhões em 2030. Países como Paquistão, México e Ruanda já reflorestaram diversas áreas, com consequente criação de empregos<br /> 3. INDÚSTRIA: responsável por 21% das emissões globais<br /> SOLUÇÕES<br /> Migrar para o uso de energia limpa e diminuir o descarte de materiais<br /> Cortar as emissões de processos industriais, instalando sistemas de captura e estocagem de carbono<br /> Aumentar a eficiência das empresas, com produtos de maior durabilidade, e reduzir as perdas de material no processo de produção<br /> Usar menos material e aumentar a capacidade de reciclagem e de remanufatura<br /> CONQUISTAS GLOBAIS<br /> A China cortou a emissão de 400 milhões de toneladas de CO2 em cinco anos<br /> O primeiro fabricante de cimento do Senegal substituiu parcialmente o carvão pela biomassa, evitando a emissão de 54 mil toneladas de CO2 ao ano<br /> Hoje, 64% do consumo de aço europeu vem da reciclagem de sucata<br /> A Volvo, com sede na Suécia, remanufatura componentes: só em 2015, deixou de usar 780 toneladas de aço e 300 toneladas de alumínio em 2015<br /> TRANSPORTE: responsável por 14% das emissões globais<br /> SOLUÇÕES<br /> Melhorar as cadeias de logísticas e democratizar o transporte limpo<br /> Se 70% dos veículos forem elétricos até 2050, as emissões globais de CO2 serão reduzidas a 3,3 bilhões de toneladas (8% das emissões atuais)<br /> Desenvolver tecnologia de eletricidade, biocombustíveis, hidrogênio e baterias de melhor eficiência<br /> Planejar cidades que acolhem ciclovias, caminhos para pedestres e transporte em massa, reduzindo o uso do carro em até 40% (Urban Land Institute)<br /> CONQUISTAS GLOBAIS<br /> 15 países e dezenas de cidades anunciaram planos para acabar com a venda de carros movidos a diesel e gasolina entre 2030 e 2040. Entre eles, estão Áustria, China, Finlândia, França, Alemanha, Índia, Irlanda, Países Baixos, Noruega, Escócia, Eslovênia, Sri Lanka, Suécia, Reino Unido<br /> A venda anual de veículos elétricos alcançará 11 milhões em 2025 e 30 milhões em 2030 - só no primeiro semestre de 2018, as vendas de carros elétricos cresceram mais de 40% na Europa<br /> A Noruega é o maior consumidor per capita de carros elétricos no mundo, que representam 55% da frota de carros vendidos ao ano<br /> A cidade de Portland, no noroeste dos Estados Unidos, é líder na integração do planejamento urbano e do transporte, com ênfase no adensamento populacional e uso misto das proximidades das vias e estações do sistema de transporte público<br /> EDIFICAÇÕES: responsável por 6% das emissões globais<br /> SOLUÇÕES<br /> Tornar as novas e as antigas edificações mais eficientes<br /> Criar padrões de eficiência mais elevados, principalmente sobre condicionamento ambiental e calefação<br /> Modernizar prédios de apartamentos ou escritórios, que geram economia entre 75% e 90% do consumo de energia<br /> Melhorar as regras de eficiência energética para eletrodomésticos<br /> CONQUISTAS GLOBAIS<br /> Com regras restritas para consumo de energia, casas construídas desde 2008 na Dinamarca usam metade da energia que as construídas antes de 1977<br /> Mais de 2,3 mil casas de famílias de baixa renda foram construídas na Cidade do Cabo, na África do Sul, com aquecedores solares de água, lâmpadas eficientes e isolamento térmico, evitando a emissão de 7 mil toneladas de CO2 ao ano<br /> FONTE: Todos os dados podem ser consultados na reportagem “O que precisa ser feito em cada setor para limitar o aquecimento global em 1,5°C?, do ClimaInfo<br /> LOGO - Believe.Earth e ClimaInfo